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Retalhados, 2019, fotoperformance

Retalhos. 

Expostos nos mercados ou nas revistas. Ao alcance de todos:

Coxão

patinho

filé.

Seios

coxas

nádegas.

Cortes, abates

assassinatos, cortes cirúrgicos.

Um objeto de prazer, inanimado, esquartejado e reduzido ao sexo.

Nunca houve o ser dona de si.

Intelecto, subversão e força

Nos fez queimar a pele

Morrendo diante de olhos perversos

Vidas sugadas

Beleza esquartejada

Nosso ser constantemente dilacerado.

O sangue de bruxa ainda escorre pelo asfalto,

Nos currais ainda escorre sangue.

Dominados, somos, através de forçosas submissões.

Pele que me reveste não me pertece; muito menos meus olhos, corpo e noção. 

A dominância evidente do gênero masculino em detrimento das mulheres tem raízes culturais 

e comportamentais tão profundas, que nem a correlacionamos com nossos costumes 

alimentícios.

Retalhos, corpos desmembrados e expostos ao alcance de todos; assim são vendidos os 

animais de abate. Sua vida e existência são reduzidas ao ambiente insalubre, currais, 

espancamentos, estupros e assassinatos impiedosos.

Assim também somos nós, mulheres; objetificadas, reduzidas, mortas, violentadas, expostas 

esquartejadas e aos pedaços; sendo-nos extraviado o pertencimento do próprio corpo.

A série tenciona a relação do próprio corpo da artista, que se põe como animal de abate e 

também como um corpo objetificado; fortalecendo a relação estreita entre a violência contra a mulher e o especismo.

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